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Musa

  • Foto do escritor: Sonia Rodrigues
    Sonia Rodrigues
  • 10 de ago. de 2015
  • 2 min de leitura

Algumas pessoas são movidas a política, outras a sucesso profissional, outras concentram a vida em comida, esforço físico, competição, combate. O amor é minha Musa. Muita coisa que fiz na vida teve a inspiração de pessoas específicas, pessoas que eu amava, pensava que amava ou considerava muito atraentes. Herton, um aluno da Pós em Roteiro, da Facha, me pediu um autografo para meu livro “Amor em segredo”. Eu dei uma folheada antes de autografar e constatei, mais uma vez, como aquele livro é pleno de amor. E da autoconfiança que só uma pessoa que está certa de ser amada transmite. Publiquei o livro em 2005. Hoje, dez anos depois, descubro que minha necessidade ou minha compreensão do amor mudou muito. Eu aprendi a aprender com o amor. Perfeccionista do jeito que sou, me tornei uma aprendiz da atividade amorosa, como fui a vida inteira uma aprendiz da escrita. Como se escreve histórias para crianças, telenovela, tese de doutorado, artigos, bíblias de séries, roteiros de cinema? Como se ama um fã, um namorado, como se ama filhos, mãe viva, pai morto, pessoas legais que procuram nossa companhia para rir, os que procuram para apenas para chorar, os relapsos, os egocêntricos, os calorosos, os escorregadios, os instáveis, os que colocam em perigo a alma imortal deles e, se eu bobear, balançam a minha? Aprendendo a amar, descobri que a entrega total à Musa, só pode ser feita em diário secreto e em resposta à mensagens de amor. “E na cama?” Perguntarão meus 35 leitores. Sexo e amor são coisas diferentes. É muito mais fácil fazer um do que outro. Nós não aprendemos a amar, a distinguir amor de tesão, amor de amizade, amor de tristeza, amor de sadismo, amor de mentira, amor de compaixão, amor de controle. Ninguém ensina a esperar pelo amor verdadeiro e, enquanto esse amor não chega, aprender a aproveitar cada coisa boa ou gostosa ou vantajosa do tesão, da amizade, da mentira, do sadismo, da compaixão. É falso que só o amor verdadeiro é bom, é possível aprender, é possível criar com os sentimentos negativos que a gente confunde com amor. O amor verdadeiro, pungente, total pode não chegar nunca. Ou pode não chegar nessa vida. Ou pode ser perdido em alguma esquina. Ou pode ser encontrado num tempo em que compromissos ou convicções são mais importantes. Nossa infinita capacidade de errar no amor não nos protege de sofrer. Estou aprendendo a amar porque estou me esforçando, nos últimos anos, a resistir às minhas características não amorosas. Às vezes, elas ganham, às vezes, ganha a Musa. Quando a Musa ganha, sou mais feliz.

 
 
 

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