Diário da Peste 20
Zona Morta. Stephen King. Comecei a reler ontem em inglês. E a ouvir com a voz do James Franco. É maravilhoso como histórias, inclusive de terror, são reconfortantes. Ainda mais uma trama profética como essa. Um escritor prever 40 anos antes o advento de um presidente como Trump. Apesar de que, o presidente de Zona Morta está mais para o nosso atual. Talvez Trump conseguisse ficar do mesmo jeito, antes da Peste. Mas a Peste vai mudar o mundo. Não tenho a menor dúvida disso. O mundo, o Brasil, a Peste causará mudanças em todos nós.
O mais interessante, apavorante, talvez, é que tudo está sendo registrado. Um site é condenado a indenizar pessoas em mais de duzentos mil reais e continua propagando falsidades. Acadêmicos colocam sua cara a tapa dando palpites contra medidas que eles consideram cautelosas em excesso. Políticos se gabam que suas bases eleitorais serão poupadas porque acreditam neles.
Não, não serão poupados. Como sabem os administradores da Rocinha, Paraisópolis e do Vale do Silício serão, poupados, talvez, aqueles que tomarem muito cuidado.
Está na coluna do Pedro Doria hoje, dez de abril de 2020, como o prefeito e o governador de NY se comportavam há um mês, 40 dias. As bobagens que disseram. Dois políticos respeitados, bem nutridos, bem letrados deixaram para a posteridade a arrogância com que lidaram com a Peste no início. O governador da Califórnia (e o Vale do Silício e Stanford e outros e outros) foi rápido no gatilho na base do precisamos conhecer, prevenir, para, talvez, escaparmos com vida. Como o pessoal da Rocinha e de Paraisópolis.
Os idiotas do século XXI estão deixando suas digitais, com nome, RG e CPF no rastro da Peste. O meu único consolo é que a Peste não escolhe apenas ceifar vidas do lado dos pensantes.
Todos seremos tocados, de uma forma ou de outra. Mas talvez os idiotas tenham o privilégio de morrer ou assistir a um ente querido morrer, sem a consciência de sua condição.
Eu não invejo os idiotas. Só fico triste (e zangada) com o que estão fazendo com o Mundo.