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Diário da Peste 45

  • Foto do escritor: Sonia Rodrigues
    Sonia Rodrigues
  • 25 de mai. de 2020
  • 1 min de leitura

O Alienista

Minha vida inteira convivi com pessoas com um alto índice de estresse pós-traumático, ansiosos, deprimidos, bipolares, adictos de drogas legais ou ilegais, narcisistas. Convivi e convivo tanto com pessoas classificadas assim pelos especialistas que, para mim, esse é o “velho normal”.

O que eu aprendi nessa longa convivência? Que ter uma doença/transtorno mental ( de novo, para os especialistas) não nos faz pessoas piores.

Outra coisa: reparei que as pessoas com esses diagnósticos que procuravam ajuda e tinham um mínimo de noção do mal que causavam eram as mais legais. Eram, não, são. Porque do meu “velho normal” não existe ninguém curado. Todos, inclusive eu, perambulam por aí, angustiados e carentes.

Agora apareceu outro “normal” e não sei como agir. Por exemplo, como devo proceder num ambiente onde pessoas com problemas cognitivos graves, paranoicas delirantes ou, simplesmente, burras sejam maioria?

O mais interessante, no nosso país patrimonialista, é que pobre doido ou burro sofre as consequências de seus atos implacavelmente. Transtorno mental, déficit cognitivo, psicopatia, burrice, só pode da classe média para cima.

Fico espantada como, nos dias de hoje, existe quem justifique o prejuízo causado pelo “novo normal”. E justificam por escrito. E tecem teorias da conspiração a respeito do quanto as pessoas que defendem são saudáveis, inteligentes, criteriosas.

Subitamente, todos têm um “não maluco” de estimação.

 
 
 

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